quinta-feira, 19 de março de 2009

E ele se foi, quem diria!

É engraçado como que algumas pessoas possuem uma áurea de imortal. Entra ano e sai ano e elas permanecem ali, vivas, intocadas. Mas, como é a ordem natural das coisas, um dia é chegada à hora de partir. Às vezes, cedo para alguns e tarde para outros. E mesmo assim fica difícil de acreditar que elas partiram.

O que gera esta divisão entre ir cedo ou tarde é o simples fato das pessoas possuírem personalidades distintas. E esse é o barato da vida, ser diferente. A diferença, muitas vezes, gera divisões de opiniões. Uns idolatram enquanto outros pensam “já vai tarde”. Ao nosso redor convivemos com pessoas que se destacam ou que se fecham. Podemos nos destacar por sermos irreverentes, faladores, polêmicos, ou pelo simples fato de colocar a cara para bater, mas têm outros que preferem à segurança do anonimato. Para eles, é mais cômodo conter suas idéias para si próprios. E muitas vezes se tornam indiferentes. E as personalidades que deixam saudade? Podemos citar algumas como Ayrton Senna, Mussun, Bussunda, Dercy Gonçalves e Clodovil Hernandes.

Sim caro leitor do Blog, você leu certo. Clodovil Hernandes.

Muitos o rejeitaram e não o respeitaram por ser homossexual assumido desde o sempre. É, ver a segurança de uns às vezes incomoda àqueles que não tem coragem de se auto assumirem. Começou em um ramo que hoje muitos querem ingressar, ou seja, até faculdade de moda se tem hoje em dia. Nunca os padrões de beleza foram tão valorizados quando são agora. Quantos apresentadores de TV você conhece que falam abertamente o que pensam sem medo de serem podados por um diretor ou produtor? Venceu um câncer. E existe ousadia maior do que esta: se candidatar a um cargo político? Muitos foram na sua água, afinal, ser o terceiro deputado mais bem votado no estado de São Paulo não é para qualquer um, não.

Acho que a sua cara de indiferente, arrogante e esnobe era o que mais incomodava as pessoas. Suas respostas na ponta da língua desarmavam qualquer um que, por ventura, quisesse curtir com a cara dele.

Isso era o que eu mais admirava no Clodovil. A estratégia de que a melhor defesa é o ataque. E isso ele fez muito bem, fez por 71 anos. Pena que não pôde se auto atacar para evitar o segundo AVC (Acidente Vascular Cerebral) que o acometeu no último domingo. E infelizmente, como todos já sabem, veio a falecer na tarde de terça-feira, dia 17 de março.

Até agora não acredito que ele se foi. É a mesma sensação que tive quando soube que a Dercy havia morrido. Não pode! Essas pessoas são ícones e deve permanecer vivas. Afinal, sei da existência delas desde quando me entendo por gente, não é justo que elas saiam agora, no melhor da festa.

Mas não somos imortais. Somos humanos que nascem, crescem, reproduzem e morrem. Sabemos disso desde o pré-primário. O que nos resta é aceitar e entender que as pessoas se vão. Acredito que este sentimento de “perda” está ligado no simples fato de que essas pessoas fizeram à diferença e que se destacaram por ser quem são.


Para ler uma versão mais "bem humorada" sobre o ocorrido, clique aqui!

4 comentários:

Unknown disse...

Percebe-se que vocÊ gostava mesmo dele! Enfim,concordo com essa ideáa das "pessoas tidas como imortais". Ainda temos Roberto Carlos,Pelé e Xuxa! É a vida,é a morte! Fazer o q?

Anônimo disse...

Belissimo texto! Menção honrosa pra ele. Sua articulação foi estratégica não ficou só no retrato fúnebre do fato, gostei.

Anônimo disse...

muito bão, mas bão mesmo....

Lucas Peths disse...

Depois que a Dercy se foi é que a ficha começou a cair, pelo que parece. As pessoas morrem, afinal.. Complicado mesmo vai ser quando a Hebe morrer, né?

beijo!